sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Belcanto, uma refeição no laboratório do Chef José Avillez

Belcanto - Leitão revisitado crédito Paulo Barata




Na semana em que foi galardoado com a segunda estrela do reconhecido guia Michelin, o regresso do restaurante da semana não podia ter outro protagonista: Belcanto, muito mais que um restaurante, uma caixa de experiencias sensoriais, que me fez viajar por um mundo de texturas, aromas e sabores que nunca tinha vivido anteriormente...

Desde pequenos vivemos a ilusão do natal, a celebração familiar, a comida e... os presentes. A história deste post começa precisamente na noite de natal do ano passado, quando recebi um postal com aquela que era "A Prenda", um jantar no Belcanto, o laboratório do Chef José Avillez, um chef que aprecio pela forma como trata muitos dos que são ingredientes da cozinha tradicional Portuguesa dando-lhes um toque inovador e colocando a nossa gastronomia no panorama da alta cozinha internacional.
 
No passado dia 18 de Janeiro, a poucas horas da nossa reserva a ansiedade subia, as altas expectativas deixavam no ar um real receio de desilusão, nada mais errado já que devo confessar, não tinha a minima noção do que estaria prestes a acontecer...
 
Como era a primeira vez que visitávamos o restaurante e queria-mos provar os clássicos, que além de se tratarem de pratos que se vêm mantendo na carta ao longo do tempo são pratos que incorporam muito do que referi anteriormente, a ligação aos sabores e produtos típicos da gastronomia Portuguesa, como podem ser o robalo, os bivalves e o leitão.

Uma serie de amuse-bouches deram inicio à experiencia, dos quais destacaria a curiosa trilogia de falsas azeitonas que me fez pensar nos tempos de José Avillez nas cozinhas do El Bulli: Uma azeitona preta em tempura, uma azeitona explosiva terminando de forma espectacular com um Dry Martini Invertido em vez do habitual gin com a azeitona mergulhada, desta feita tinhamos o sumo de azeitona com o gin esferificado no meio e pelas memórias e viagem à nossa infância o Ferrero Rocher, um bombom de foie gras em capa de manteiga.

A horta da galinha dos ovos de ouro deu inicio ao menu, um ovo cozinhado a baixa temperatura coberto com uma folha de ouro, pão crocante e cogumelos. Um fantástico jogo de texturas e sabores que já nos retirava definitivamente das expectativas de uma refeição única e nos levava para o campo das experiencias sensoriais, daquelas experiencias que ficam para sempre marcadas nas nossas vidas.
 
Seguiu-se o mergulho no mar, o nome diz tudo, um cocktail perfeito de produtos, texturas e aromas que são puro mar. Para mim foi viajar no tempo, às minhas aulas de laboratório de biologia e zoologia em que visitávamos a Praia das Avencas na Parede (Portugal).


Belcanto - Mergulho no mar 
crédito Nuno Correia
E porque este menu tinha que continuar a linha crescente da refeição haveria melhor forma que terminar com a reinvenção de um prato tipicamente Português? Sinceramente penso que não... um prato espectacularmente executado, do qual destaco a pele extremamente crocante, o que é conseguido com uma cozedura prolongada a baixas temperaturas. 

Belcanto - Leitão revisitado crédito Paulo Barata


Para terminar a Tangerina uma sobremesa complexa e refrescante que, para mim foi claramente o ponto menos positivo desta refeição.


Belcanto - Tangerina crédito Paulo Barata
Mais que apontar uma critica, como oportunidade de melhoria gostaría de ver também na carta de vinhos uma degustação para acompanhar o menú dos clássicos, tal como acontece com os restantes.

Se é um leitor habitual do blog terá certamente reparado que pela primeira vez as fotos não são da minha autoria, confesso que me deixei levar pelas emoções e fiz questão de manter afastados o telemóvel e o bloco de notas pelo que todo este post é baseado nas memórias dessa magnifica experiencia que vivi há 11 meses atrás...




Onde?
Morada: Largo de São Carlos, 10 
Lisboa, Portugal
Telefone:+351 213 420 607
web: http://belcanto.pt/PT/

Quanto?
Consulte os menús degustação e respectivos preços na página web.